Me
procuro. Olho num vôo introspecto, sobrevôo cacos. Nada restou, estou no limiar
da esperança. Agora sei que não há chance, nada poderá alterar a realidade,
preciso encará-la e me reinventar.
Decido
não mais contentar-me com o pouco ou nada. Sei que posso mais, mais que isso.
Acostumara-me com o pouco o ínfimo. Tinha medo de mudar, de alterar a paz das
coisas bem arrumadas, apesar de escassas.
Não
preciso da sabedoria da “Pitonisa”. Contemplo o futuro que me espera, sei que
posso mais, decido não me contentar com menos que isso. O mais sempre, e cada
dia mais. Eu sou Fúria. O vazio não tem espaço em minha plenitude, mergulho em
mim e vejo a minha própria imagem bela e imponente como no espelho de Narciso
com suas águas calmas.
Me
encontrei. Me incinero, sou agora alicerce firme, capaz de direcionar meu
destino e sorte, torno-me imune aos males da alma, queimo as cinzas
transformo-me em fogo e novamente ave num sobrevôo sobre a vida.