Bourdieu (2001), se apropria do conceito de habitus –
encarnação dos costumes dos indivíduos, para demonstrar um esboço de uma teoria
da prática.
Para Bourdieu o habitus seria um sistema de disposições
duráveis e consumíveis que gera percepções, apreciações e ações. Seria as
disposições como o indivíduo interioriza a exterioridade e exterioriza a interioridade,
o exterior é aprendido através da ideia postulada nas estruturas sociais. Assim
o habitus funciona como princípio gerador das respostas que damos à realidade
social.
O conceito de violência simbólica foi criado por Bourdieu
para descrever o processo pelo qual a classe que domina economicamente impõe
sua cultura aos dominados.
Bourdieu concebe a cultura privilegiada no ensino escolar
como sistema simbólico arbitrário. Sinteticamente, é possível dizer que as
reflexões de Bourdieu sobre a escola partem da constatação de uma correlação entre
as desigualdades sociais e escolares. As posições mais elevadas e prestigiadas
dentro do sistema de ensino tendem a ser ocupados pelos indivíduos pertencentes
aos grupos socialmente dominantes.
Para o autor essa correlação nem é, obviamente, causal, nem
se explica, exclusivamente, por diferenças objetivas (sobretudo econômicas) de
oportunidade de acesso à escola. Segundo ele, por mais que se democratize o
acesso ao ensino por meio da escola pública, continuará existindo uma forte correlação
entre as desigualdades sociais, sobretudo culturais, e as desigualdades ou hierarquias
internas do sistema de ensino.
Essa correlação só pode ser explicada, na perspectiva de
Bourdieu, quando se considera que a escola dissimuladamente valoriza e exige
dos alunos determinadas qualidades que são desigualmente distribuídas entre as
classes sociais, notadamente, o capital cultural e uma certa naturalidade no trato com a cultura e o saber que apenas aqueles
que foram desde a infância socializados na cultura legítima podem ter.
Em resumo, a grande contribuição de Bourdieu para a
compreensão sociológica da escola foi de ter ressaltado que essa instituição
não é neutra.
Formalmente a escola trataria a todos de modo igual, portanto, supostamente, todos
teriam as mesmas chances. Bourdieu mostra que na verdade, as chances são desiguais.
Alguns estariam numa condição mais favorável do que outros
para atenderem às exigências, muitas vezes, implícitas da escola. Ao sublinhar
que a cultura escolar é cultura dominante dissimulada, Bourdieu abre caminho,
para uma análise mais crítica do currículo, dos métodos pedagógicos e da
avaliação escolar. Os conteúdos curriculares seriam selecionados em função dos
conhecimentos, dos valores, e dos interesses das classes dominantes.
Desse modo, a transmissão dos conhecimentos seguiria o que
Bourdieu chama de pedagogia do implícito, o pleno aproveitamento da mensagem pedagógica
suporia, implicitamente, a posse de um capital cultural anterior que apenas os
alunos provenientes das classes dominantes apresentam.