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Salvador, Bahia, Brazil
A língua está em mim, me perpassa, faz parte da minha formação como ser social inserido num grupo. Compõe ainda a minha própria formação acadêmica já que resolvi após o primeiro curso superior (Administração), cursar Letras. Essa língua me representa em todos meus conflitos, pois suas características são iguais as minhas, um ser multifacetado, de exterior sóbrio e estático, mas no íntimo um turbilhão em movimento. Assim como um rio congelado que apresenta a sua superfície estática, mas o seu interior está sempre em movimento, num curso perene. Capacidade de adaptação e compreensão com singularidade e regionalidades tolerantes como próprios à língua. Escrever é para mim, como respirar, sinto essa necessidade e é através da escrita como afirmou Aristóteles que transitamos desde o terror até a piedade de nós mesmos e do outro. Esse ofício da escrita nos eleva, nos projeta, nos ressignifica quando tocamos o outro com as nossas palavras, seja no universo ficcional, biográfico ou autobiográfico. Escrever é uma necessidade, escrever é transpirar no papel as nossas leituras.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

ARTIGO DE OPINIÃO




Bibliografia: Perez, Glória Maria Ferrante. Caminho das Índias uma produção da TV Globo que estreou 19 de janeiro de 2009 com término em 11 de setembro de 2009; Silva, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas - O psicopata mora ao lado Rio de Janeiro: Fontanar, 2008


Nesse artigo pretendemos analisar a produção artística da autora Glória Perez, a novela Caminho das Índias, tomando como recorte a problemática da esquizofrenia e /psicopatia, discutida na novela e seus imbricamentos sociais, analisaremos também como duas produções artísticas dialogam no mesmo propósito; o de informar e conscientizar a sociedade sobre o preconceito existente em relação a essas patologias.
Preconceito que é cultivado por ambos, ricos e pobres, demonstrando que apesar de adquirirem cultura e riqueza, os anos gastos no interior das "torres de marfim" da academia não possibilitaram a esses intelectuais lidar com questões sociais tão sensíveis porém há um ponto positivo para a classe pobre, já que, essa é mais receptiva para aceitar e entender essas patologias quando recebe orientação profissional adequada, ao contrário da classe rica que devido ao ego, a sensação de onipotência pela condição social, se nega a aceitar que precisa de tratamento, apesar de ter acesso aos melhores profissionais da área médica e a hospitais sofisticados.
A produção artística de Glória Perez faz uma releitura da obra de Ana Beatriz Barbosa Silva, Mentes perigosas - O psicopata mora ao lado, (em que a autora alerta sobre o poder destrutivo dos psicopatas, que manipuladores, perversos e desprovidos de culpa, remorso ou arrependimento, são capazes de passar por cima de qualquer pessoa para satisfazer seus próprios interesses: "Eles podem arruinar empresas e famílias, provocar intrigas, destruir sonhos, mas [em sua maioria] não matam. E, exatamente por isso, permanecem por muito tempo ou até uma vida inteira sem serem descobertos ou diagnosticados. Por serem charmosos, eloquentes, "inteligentes", envolventes e sedutores, não costumam levantar a menor suspeita de quem realmente são. Podemos encontrá-los disfarçados de religiosos, bons políticos, bons amantes, bons amigos. Visam apenas benefício próprio, almejam o poder e o status, engordam ilicitamente suas contas bancárias, são mentirosos contumazes, parasitas, chefes tiranos, pedófilos, líderes natos da maldade".) em um formato (gênero) diferente, a fim de propiciar o conhecimento e trazer a discussão dessa temática às esferas da sociedade, o que não ocorria, tais discussões eram reservadas aos círculos dos intelectuais da área médica.
Podemos perceber nesse contexto uma grande estratégia de democratização de conhecimentos básicos sobre essas patologias, evitando, assim o medo e o preconceito por falta de informação, uma vez que, o brasileiro pertencente à classe baixa, em sua maioria, não teria acesso a essa produção artística em forma de livro.
Outro fator preponderante é o custo exorbitante dos livros no Brasil, em que o salário mínimo mal dá para o lazer comum da população pobre, que é ver seu time de futebol nos estádios aos domingos.
A novela Caminho das Índias representou um diferencial importante na cultura da sociedade Brasileira, pois trouxe ao cenário popular várias discussões importantes, além da temática das doenças psicológicas, tivemos ainda, a temática da educação de jovens/adolescentes, no que diz respeito a impor limites aos mesmos, a fim de evitar que estes se tornem criminosos, a questão do Bullying nas escolas etc.
É interessante perceber como os discursos presentes no livro são veiculados através da novela, e como isso dá visibilidade à autora Ana Beatriz Barbosa Silva, e as suas obras. Nesse sentido fazemos referência à Koch (2002), ao que a autora classifica como intergenericidade nos gêneros textuais, em que a novela se torna veículo informacional, produzindo os discursos de um livro de caráter científico/social.
Percebemos ainda a atuação do poder da mídia na merchandising do livro através da visibilidade adquirida pela novela e assim constatamos o poder de alienação dos meios de comunicação, um dos principais aparelhos ideológicos do nosso século.
Sobre esse poder de alienação da mídia existem muitas discussões a respeito do papel dos meios de comunicação no ambiente social autores como: Vera França (2001), a Tv, a janela e a rua, Althusser (1974), Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado, Martine Joly, o que é uma imagem? Douglas Kellner, lendo imagens criticamente, etc, tratam muito bem desse assunto.
Porém possuímos uma visão particular, é inegável que a mídia e os meios de comunicação são alienantes, mas discordamos com a postura defendida por uma gama de professores, intelectuais e estudantes universitários que afirmam que o melhor é não utilizá-los. (se é que se pode viver sem eles).
A atitude desses intelectuais e formadores de opinião é antes um mascaramento dos seus comportamentos reais, e uma tentativa de orientar o comportamento dos outros indivíduos - aqueles que se baseiam nesses "professores e intelectuais".
Assim acreditamos que devemos desenvolver um senso crítico nos usos desses meios de comunicação e questionar toda mensagem que nos é veiculada, como por exemplo; sobre novas tecnologias, já que vivemos na era da tecnologia descartável; será que necessito mesmo trocar o meu celular agora? Ou estou sendo seduzido pelo marketing veiculado pela mídia que prega o consumismo desenfreado? (alienação).
Um fato que refuta bem o falso comportamento dos "intelectuais" de boicotar as produções artísticas veiculada pela mídia, afirmando que toda produção televisiva é "trash" (lixo cultural) é o objeto de estudo desse artigo, a novela "Caminho das Índias" em que além da temática comum das novelas, traz discussões importantes e informativas ao público em geral.
Desse modo entendemos que os indivíduos (com exceção das "intelectuais equivocados" que devido à sua pré disposição de repelir o uso das produções artísticas veiculadas pela mídia ficam impossibilitados de estabelecerem uma leitura produtiva dessas produções, filtrando criticamente o que lhes é pertinente), podem e devem fazer uso dos meios de comunicação ("populares"), tv aberta, analisando os seus usos, assim poderá construir o seu conhecimento com as ferramentas que lhes são disponíveis.











sexta-feira, 18 de maio de 2012

LITERATURA BRASILEIRA E A CONSTRUÇÃO DA NACIONALIDADE




Canivez (1991) problematiza o conceito de cidadania para demonstrar que a cidadania é uma noção marginal (caduca). Nessa perspectiva, o autor afirma que a cidadania não confere valor ou dignidade suplementar ao indivíduo. Apenas sanciona uma situação de fato: a de que quase todos os cidadãos herdam uma nacionalidade ao nascer.
Essa nacionalidade confere direitos de específicos, consideráveis, como o direito de voto (apesar de parecer dever), direito à educação, e dever de defesa nacional. No entanto esses direitos e deveres não constituem o principal da vida cotidiana, que é a vida do trabalho.
Outro aspecto abordado pelo autor sobre a construção da cidadania é o da identidade nacional. Sobre esse conceito, Roberto da Mata afirma que a identidade nacional tende a homogeneizar a suprimir as diferenças em busca de uma nacionalidade. Há uma grande diversidade que cria identidades culturais individuais, o que problematiza a definição do conceito de nacionalidade.
Desse modo, Mata (2001) conclui que a construção de uma identidade (seja pessoal ou social) é feita de afirmativas e negativas diante de certas questões.
Hall (2004) por sua vez, afirma que a identidade está profundamente envolvida no processo de representação. Assim a modelagem e remodelagem de relações espaço-tempo no interior de diferentes sistemas de representação têm efeitos profundos sobre a forma como as identidades são localizadas e representadas.
Said (1990) afirma que todas as identidades estão localizadas no espaço e tempo simbólico. Said denomina isso de geografia imaginária. Assim as identidades nacionais são formadas e transformadas no interior da representação, essa representação se dá como um conjunto de significados pela cultura nacional de qualquer país em questão.
Desse modo, a nação no imaginário do povo, não é apenas uma entidade politica, mas algo que produz sentidos-um sistema de representação cultural (cidadania). As pessoas participam da ideia da nação tal como representada em sua cultura nacional.
Logo podemos perceber que uma nação é uma comunidade simbólica e é isso que explica seu “poder” para gerar um sentimento de identidade e lealdade (cidadania).
Segundo Schwarz (1986), essa cultura nacional (formação) contribuiu para criar padrões de alfabetização universais, estabelecer uma única língua como meio dominante de comunicação em toda nação, criou uma cultura homogênea e manteve instituições culturais.
As culturas nacionais são compostas de instituições culturais, símbolos e representações. Desse modo, uma cultura nacional é um discurso, um modo de construir sentidos que influencia e organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós mesmos como cidadãos.
As culturas nacionais ao produzir sentidos sobre “a nação” e “cidadania”, sentidos com os quais podemos nos identificar, constroem identidades. Esses sentidos estão contidos nas estórias (história) que são contadas sobre a nação memórias que conectam seu presente com seu passado e imagens que dela são construídas.
Diante disso, Anderson (1983) afirma que a identidade nacional é uma “comunidade imaginada”.



SARCÓFOGO




Meu sorriso me envelhece, olho mil imagens nenhuma com antes. O anterior parece não mais existir. Quem é aquele homem da imagem? Feições juvenis, alma aprisionada pelo pudor alheio.
Nunca aparentei a idade. O físico negava o Cronos, apesar de o psicológico estar sempre bem avançado, (sempre fora um homem a frente do seu tempo). Não aceitava a prisão, arrumara uma forma de projetar-se para fora dela; a violência.
Era normalmente pacato, não promovia a violência, mas também não buscava erradica-la, apresentava-a aos que lhe insultavam, e nisso ele era terrível.
Na juventude harmonizara-se com o equilíbrio. Controlara seus impulsos.
Mas a cada dia o prisioneiro tentava libertar-se através de sinais transgressores da ordem moral da sociedade hipócrita.
Enfim libertara-se de tudo que o aprisionava: a família, os amigos, a religião, o trabalho. Nada mudou, apenas deixou de usar a máscara exigida pela sociedade, agora era ele mesmo sem farsas.
E era mais bonito assim, ele mesmo, mais jovem, mais disposto, sem ilusões, nem obrigações para com o sistema, tornara-se livre.



sexta-feira, 4 de maio de 2012

INSIDE





Dentro de um corpo formoso sinto um caos constante. Diante de um grande abismo; pensamentos, imagens, sonhos, desejos pairam em confusão eterna.
O exterior é constitutivo. A aparência engana os olhos do observador inerte.
A vida é uma grande cena, em que a representação clássica e contemporânea funde-se desenvolvendo uma nova concepção.
O individuo real vive a representação, o exterior nega o interior, a formação psicológica nega a ordem natural do gênero. A beleza exterior afasta o desejo interior e atrai o que repulsa o psicológico, esse  conflito do homem moderno, não é novo, é o mesmo presente anteriormente em Quasimodo e em Mr. Hyde, o conflito dual de naturezas opostas.