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A língua está em mim, me perpassa, faz parte da minha formação como ser social inserido num grupo. Compõe ainda a minha própria formação acadêmica já que resolvi após o primeiro curso superior (Administração), cursar Letras. Essa língua me representa em todos meus conflitos, pois suas características são iguais as minhas, um ser multifacetado, de exterior sóbrio e estático, mas no íntimo um turbilhão em movimento. Assim como um rio congelado que apresenta a sua superfície estática, mas o seu interior está sempre em movimento, num curso perene. Capacidade de adaptação e compreensão com singularidade e regionalidades tolerantes como próprios à língua. Escrever é para mim, como respirar, sinto essa necessidade e é através da escrita como afirmou Aristóteles que transitamos desde o terror até a piedade de nós mesmos e do outro. Esse ofício da escrita nos eleva, nos projeta, nos ressignifica quando tocamos o outro com as nossas palavras, seja no universo ficcional, biográfico ou autobiográfico. Escrever é uma necessidade, escrever é transpirar no papel as nossas leituras.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

LINGUAGEM: PERÍODO CRÍTICO E LATERALIDADE CEREBRAL



As pesquisas sobre atividade cerebral tem se direcionado a investigar a estrutura e a função do cérebro, em especial a camada superficial da massa cinzenta, onde se concentram as células dos neurônios cerebrais-chamado córtex a parte do cérebro que está, primariamente, envolvida com a decodificação de informações dos sentidos e com o controle dos movimentos voluntários e das funções intelectuais.
Estudiosos como Broca (1861) e Wernicke realizaram contribuições significativas para os estudos sobre cérebro e linguagem. Broca identificou que, ao ocorrerem lesões em determinadas áreas do lobo frontal, no hemisfério esquerdo, ocorria perda fundamental na produção da fala. Wernicke por sua vez, identificou outra parte do hemisfério esquerdo especializada primeiramente na compreensão.
Assim, atualmente, existem registros de três áreas corticais que estão ligadas à linguagem: a Região Frontal ou área de BROCA; a Região Temporal de WERNICKE e a Região Cortical Terciária.
Linemberg (1969), afirma ser possível haver uma idade crítica tanto para o hemisfério esquerdo quanto para o hemisfério direito.
O autor estabelece o período crítico na criança entre a idade zero e dois anos, nessa fase a linguagem, pode ou não se desenvolver, aos 14 anos há uma perda significativa, da plasticidade cerebral, no que diz respeito à aprendizagem de novas línguas, devido à especialização por parte dos hemisférios ocorrer nessa idade (fase).
Por lateralidade, entende-se o estudo da função da cada hemisfério cerebral. A língua materna, seu desenvolvimento é predominantemente no hemisfério esquerdo, já a 2ª língua ou língua estrangeira, seu desenvolvimento se dá no hemisfério direito.
Logo para Linemberg (1969), habilidades primarias não adquiridas até os 14 anos permaneceriam deficientes até o final da vida.

AS BASES BIOLÓGICAS DA LINGUAGEM



De acordo com pesquisadores como Pinker (1994), Lenneberg (1996), Slobin (1980), Brandão (2004), podemos perceber que a linguagem e as formas superiores do desenvolvimento cerebral dependem da exposição à linguagem e à interação através da comunicação (imputs). Se as crianças não são expostas, desde cedo, a um meio linguístico adequado, pode haver atraso ou até mesmo interrupção da maturação cerebral, com uma contínua predominância dos processos do hemisfério direito.
 O processo de aquisição da linguagem pode ser, portanto afetado caso haja comprometimentos de ordem central (lesões cerebrais) ou periférica (defeitos nos aparatos fonoarticulatório e auditivo), mas também devido à privação de contato linguístico no período considerado crítico para a instalação e o desenvolvimento da linguagem.
No primeiro momento a criança expressa estado de necessidade produz ruídos e quando inicia a produção de fonemas da língua, essa criança utiliza a gramática passiva, embora não se dê conta disso.
Ao fim do 1º ano de vida da criança, se dá a fase do balbucio; é a fase holofrástica, nessa fase, a criança percebe a existência do outro – através da relação dialógica. A criança começa a construir significados a partir das relações de estímulo- resposta- reforço (Sócio Construtivismo).
É necessário observar que antes da criança começar a falar ela já está desenvolvendo ações relativas à fala (mecanismo perceptivo). Assim num primeiro momento, a criança compreende  e só depois ela produz, (a produção se dá com a gramática ativa).
Slobin (1980), em suas pesquisas confirma essas afirmações, sobre a compreensão preceder a produção. A criança é capaz de encontrar o objeto solicitado pelo interlocutor – compreensão imatura de percepção de palavra (compreensão prematura), existente na memória da criança.
A intenção da comunicação só será revelada através do conhecimento do contexto de interação, daí a percepção (função) semântica da comunicação.
A questão sociointeracionista está ali demonstrada no contexto do evento de fala.
Desse modo, Slobin (1980), conclui que apesar de não possuir o mecanismo da linguagem totalmente desenvolvido, a criança consegue manipular o adulto para atender suas necessidades “o querer impertinente da criança em relação a algo.”
Logo a gramática ativa começa a desenvolver-se a partir da fase de duas palavras, (antes dos dois anos de idade), no período anterior a essa fase, a criança está na fase passiva da gramática.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

INVERSÃO


Há um ressentimento além de mim, os meus múltiplos, reverberam, se sobrepõe, sou mar agitado, sou alma errante, sou sentimento conflitante.
Sinto minha essência esvaziada, tenho a minha vida transtornada. Sou areia que se esvai, o pó teimoso que cai, as fases lunares, os inóspitos lugares.
Cansei de promessas, cansado de ilusões me abstive de emoções.
A ansiedade revolve minha alma, na minha espera não há calma. Angustio o eclipse amoral, o casamento desigual à inversão do natural.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O LEGADO


Alimentado de fantasias, Vivera uma realidade alternativa. Não realizara nada, nem mesmo a si.
Sobrevivera à família, infância difícil, adolescência conturbada, juventude transviada.
Na vida adulta demorara perceber a dinâmica do sentido. Começara a trabalhar aos vinte e cinco anos, serviços gerais em uma cerealista, tornara-se arrimo de família, a própria que sempre o odiara, agora teria que sustentá-la.
Fazia-o com sofreguidão, carregava um fardo que não era seu. Não tivera filhos não transmitira a ninguém o legado da sua miséria.