Segundo Hilgert (1991) a língua
escrita não constitui para a transcrição. Ao mesmo tempo, não basta que a
língua seja realizada oralmente, constituindo produto perceptível pela audição,
para ser considerada falada.
A oralidade é uma característica
essencial da língua falada, mas não o suficiente, o que faz com que notícias transmitidas
por rádio ou tv, por exemplo, se caracterizem pela oralidade, mas não pelo
caráter falado. São de fato, textos escritos realizados oralmente.
Assim as diferenças entre língua
falada e língua escrita são de outra natureza, elas resultam de diferenças
entre os processos de falar e de escrever, ou entre condições de produção do
texto falado e do texto escrito.
Tomando como exemplo a conversa no
MSN podemos perceber que apesar de ser digitado numa interface de comunicação
(mídia), quase face a face (dialógica), salvo se existir a webcam para
intermediar o contato entre os falantes (apresentação da imagem dos
indivíduos), ainda assim, constitui-se língua falada, pois não apresenta as
características da língua escrita que são: escrever constitui um ato solitário,
não há interação, o escritor elabora o texto sozinho, o texto escrito não deixa
marcas no processo de planejamento, se apresentando como um todo coeso,
sintaticamente complexo.
Assim a língua falada é
caraterizada por um contexto específico, constitui uma tarefa cooperativa entre
falantes num mesmo momento e espaço, ou seja, a língua falada é caracterizada
pela dialogicidade (dialogismo), instaurada pela situação face a face.
Desse modo, segundo Preti (2000), a
língua apresenta uma tendência para o não planejamento, ou ainda de acordo com
Ochs (1979), a língua falada é planejada localmente, ou seja, constitui uma
atividade administrada passo a passo. Assim planejamento e realização do
discurso coincidem no eixo temporal, ou são praticamente concomitantes.
Por fim, para Chafe (1982), a
língua falada apresenta a característica da fragmentação, ou seja, é produzida
aos jatos e borbotões, que são unidades de ideia, ou significativas com um
contorno entonacional típico, e limitados por pausas. A passagem de uma unidade
para outra se dá muito rapidamente, tornando o processo de falar bem mais
acelerado do que o de escrever.
Logo, na língua falada as frases se
apresentam mais independentes uma com relação às outras.