Antes da chegada dos romanos à Península
Ibérica, habitavam essa região os povos pré-romanos que se diferenciavam,
apesar de já estarem na mesma região. Uns possuiam uma cultura pacífica outros
uma cultura militar ainda outros eram caracterizados pela cultura agrícola e
rudimentar.
Desses povos todos que habitavam a
Península Ibérica, os que mais se assemelhavam a cultura romana eram os
turdetanos e tartécios, povo que habitavam a região da Bética. Dai que durante
o processo de romanização, com a chegada dos romanos á Bética em 218 a.c, em
consequência da 2ª guerra Púnica, a romanização da região foi praticamente instantânea,
devido à identificação entre as culturas romana e turdetana. Isso favoreceu a
rápida assimilação do latim vulgar pelos habitantes da Bética com pouca ou média
influência de substrato par o latim vulgar, já que esses povos abandonaram o
uso da sua língua local adotando o uso do latim vulgar desde cedo.
Com a romanização da Bética (sul da
P.I), e a identificaçãodos povos que habitvam essa região estabeleceu-se uma provincia
romana de facíl administração, já que a convivência tornara-se pacífica. Por
isso não era necessario intervenções da capital na região da Bética, estabelecendo-se então um
controle à distância sem muitos contatos, o que mais tarde vai ser siggnifivativo
para a diferenciação no sentido de conservação caracteristicas arcaizantes no
latim vulgar falado na região da Bética.
A conquista da região da Terraconense se
deu pelo norte da P.I, nessa região habitavam os povos Bascos povos Bascos,
povos iberos e celtiberos que eram caracterizados por pouca civilização e pouca
relação comercial, pois eram camponeses e não ofereceram resistência aos
romanos, por isso, a Tarraconense é uma região sem muitas divisões políticas.
Essa região é importante, porque é nela
que se estabelece a rota comercial romana e para onde converge o fluxo de povos
de língua e culturas diferentes, também por ser rota de acesso a Roma capital
do império e centro difusor de inovações linguísticas.
Esse trânsito comercial e cultural que
se estabelece nessa região é que irá determina a características inovadora do
latim vulgar falado nessa região, enquanto que na Bética, região sul, o latim
vulgar permanece praticamente inalterado, daí a diferenciação ser tão acentuada
em relação a corrente do norte.
Sobre o noroeste (NW) da Península
ibérica (P.I) podemos afirmar que houve várias tentativas por parte dos vários
imperadores romanos de conquistar essa região, porém as datas significativas
são 27 d.C em que a campanha militar liderado por Augustus promove a ocupação
da NW da península ibérica, porém sem a sua romanização, pois as relações no
noroeste da P.I, ainda eram tensas, o exercito romano estava ainda se
estabelecendo e tentando subjugar os povos ali existentes. Somente em 216, com
a campanha militar de Caracalla, é que o NW da P.I ganha o estatuto de
província romana, romanizado-se completamente coma criação da província romana
da Gallaécia ET Astúrica. Vale ressaltar que levou cerca de 400 anos para o
império romano conquistar a região (Gallaécia/Astúrica) perseveram a sua língua
por mais tempo em relação aos povos do norte e do sul da P.I.
Aliado a esse fato, observamos também
que a frente militar que romanizou o N.W da P.I, saiu da Bética, província
romana de forte identificação com a cultura clássica romana e que falava um
latim vulgar de características arcaizantes, devido a cronologia da romanização
e ao isolamento geográfico e comercial, já que não mantinha relação estreita
com centro difusor de inovações lingüísticas que era a capital do império –
Roma.
Tais fatores serão preponderantes na
diferenciação do latim vulgar e posteriormente na diferenciação das línguas
românicas, como por exemplo, maior influência de substrato latino no português,
diferenciação no espanhol falado na região da Andaluzia e fenômenos
lingüísticos como a assimilação.
Diante disso percebemos um fato
importante uma vez que, segundo a cronologia da romanização, quanto mais cedo
ocorre a romanização maior característica arcaizante terá o latim vulgar,
enquanto que quanto mais tarde ocorre a romanização maior características
inovadora.
No entanto esse fato não se aplica do NW
da P.I porque apesar da romanização
tardia dessa região (216 d.c), o latim vulgar levado para essa região era do
exercito formado na Bética devido ao seu isolamento geográfico e comercial.
Para entendermos as características
lingüísticas peculiares ao N.W da P.I, faz-se necessário analisarmos outros
contatos como a presença dos Bárbaros (Germanos) nessa região.
Após a conquista do NW da P.I, o império
romano dá sinais de enfraquecimento, devido à vasta extensão do império, as
dificuldades de centralizar o poder, conflitos políticos internos entre
governadores das províncias/imperadores /militares etc, aliado a isso, as pressões
exercidas nas fronteiras por povos vizinhos, que ao perceberem o
enfraquecimento do império romano, tentavam fugir dos Bárbaros (diversos povos
germânicos aparentados), ameaças de invasão a cidade de Roma.
Os Germanos conquistam os territórios
romanos pouco a pouco, em 106 d.c Roma perde a Dácia, em 409 d.c os romanos
deixam a Britânia, em 458 os vândalos dominam totalmente a África após ter
ocupados o norte da P.I.
A ascenção dos povos germânicos com o
império visigodo se deve a um fator importante o longo convívio com os romanos
propiciou aos povos germânicos o conhecimento do latim vulgar, que foi
utilizado durante o período da invasão e conquista, os germanos utilizaram o
latim como língua de dominação, o que consistem numa estratégia para a rápida
dominação da P.I.
Ao chegarem na P.I os povos Germânicos
entra uma população mestiça, resultado da fusão dos povos pré-romanos com os
povos romanos que resultou nos povos Hispânicos que falavam latim vulgar entre
os quais se difundia a religião cristã.
Com a invasão dos Bárbaros, a região da
P.I apresenta novas particularidades, ocupação do norte pelos vândalos, centro
e sul pelos visigodos e noroeste (NW) pelos Suenos. Embora os visigodos tenham
assumidos todo o território da P.I, culturalmente o NW ficou sob o domínio dos
Suevos, daí sua influência linguísticas naquela região.
Sobre as influências lingüística vale
destacar a problemática que se estabelece a respeito dos visigotismos, que s
não se pode precisar quanto ao tempo de estadia, se é de adstrato convivência
linguísticas/empréstimo ou superstrato (léxicos germânicos no latim vulgar).
Em relação à influência Sueva na P.I,
podemos afirmar que não houve influencia quase nenhuma, em nada modificou a
língua latina no NW da P.I. Contudo os Suevos são de significativa importância
porque isolaram o NW da P.I, evitando assim que as influências lingüísticas
germânicas atingissem aquela região.
Desse modo as transformações ocorridas
no latim vulgar levaram ao desenvolvimento protos-romances que consistia na
diferenciação do latim vulgar qm dialetos menores isso caracteriza a ruptura lingüística,
ou seja, perde-se o modelo lingüístico romano.
Os falantes desse novo modelo
lingüístico que se desenvolve são os povos Hispano – godos que são o resultado
do contato entre os Hispânicos e os povos Germânicos. Os hispano – godos são
cristãos e falantes dos romanos.
A invasão Árabe ocorreu no sec VIII d.C,
sua principal motivação foi religiosa, pois os árabes tinha como objetivo a
difusão do Islã na P.I. Aliado a isso, a numerosa população árabe, as
expectativas de bons resultados nos saques de outros povos, a vasta área
litorânea e as terras férteis presentes na P.I, teriam sido atrativos para os
povos Árabes.
A invasão árabe modifica a estrutura do
N.W da Península Ibérica porque quando os invasores inundaram a maior parte do
reino visigótico, os representantes da tradição toledana refugiam-se nas
montanhas e nas costas das Astúrias, formando desse modo uma ligação entre as
duas metades da antiga Gallaécia entre a Galiza e as Cantábria surge o reino
das Astúrias.
Essas três regiões terão um destino
lingüístico próprio; mais conservador mostra-se o reino de Leão e Astúrias,
absorvendo particularidades lingüísticas vindo de Toledo, mais inovador, os
hábitos lingüísticos da Cantábria que fora pouco influenciado pelo poder da
tradição do Latim, transforma rapidamente o idioma românico falado naquela região.
Dessa maneira, surge na Cantábria, antes
da Reconquista Castelhana, um grande número de perculiarismos que hoje
distinguem o Castelhano – Espanhol dos outros idiomas peninsulares.
A Galiza, no entanto, é mais tranqüila e
não transforma tão rapidamente o idioma como a região Cantábrica, porém não se
mantém tão conservadora coma região das Astúrias.
As primeiras alterações fonéticas nesta
época são: a nasalização das vogais que antecediam as consoantes nasais;
fenômeno presente até nossos dias, e características especifica do Português [l
e n t u] = / l ẽ t u /, também deixou desaparecer o - n - e l – intervocálicos:
general > geral, palu > pau
Desse modo percebemos que nessa segunda
fase de transformações que ocorrem no N.W da Península Ibérica, resulta traços
progressivos e individuais na língua conservadora da Hispânia Ulterior,
diferenciando-a dando-lhe a sua fisionomia própria pela qual a reconhecemos até
agora.
Vale ressaltar que essa separação é um
processo gradual, e as suas várias etapas explicam a lenta transição por
línguas intermediárias, do português para o Espanhol.
Em se tratando dessa nova divisão
geográfica ocorrida na P.I podemos destacar que ao contrário do fenômeno da
romanização, a P.I não foi arabizada. Isso devido, as características
fenotípicas dos povos árabes, pois a população que habitavam a P.I era mestiça
(Pré Romano + Romanos + Germânicos) à
hispano – godo, cristã e falantes de romance possuíam uma unidade étnica e
encaravam os árabes como inimigos (não guardavam relação de semelhança). Para
os hispano – godo os árabes eram o “outro”, o diferente, daí não os assimilar
socialmente através de casamentos mistos.
O governo árabe na P.I deu-se de duas
formas: religiosa para os que aceitaram pacificamente se converterem ao islã, a
esses foi lhe dado direitos árabes, os Muwlladyns. E o domínio comercial foi
exercido sobre os povos que não se converteram ao islã mais conviviam com os
árabes em comunidades fechadas, eram cristãos e falavam os romances moçárabes,
(várias formas dialetais que eram formas de falar).
A essas comunidades fechadas que se relacionavam
comercialmente com os árabes foi dado o nome de moçárabes.
É importante destacar a presença árabe
na P.I no entendimento do desenvolvimento da língua Portuguesa, pois nesse
período a situação linguística se inverte. O NW vai passar por inovações devido
a presença dos povos toledanos que migraram para lá, enquanto as comunidades
moçárabes apesar das influencias árabes no léxico vai se manter mais
conservador (romance moçárabe mais arcaizante) devido ao seu isolamento, os
moçárabes eram comunidades que viviam em focos de irradiação por toda a P.I,
misturavam-se a população árabe em derredor, sem permeabilidade para a língua
árabe, as influências significativas são no léxico, cultura, arquitetura.
Vale ressaltar que a relação do NW da
P.I com os Árabes foi sempre hosti, se encontravam apenas durante as guerras /
confrontos por isso, o NW manteve um contato (abstrato) menor com os árabes em
relação aos moçárabes que mantinham relações comerciais e a relação de adstrato
foi maior em relação ao NW. Da P.I.
Com relação a reconquista cristã séc IX,
podemos destacar que a população cristã do norte se organizam em reinos, no
século X, surgem os reinos de Leão, Castela, Aragão, Condado Catalão, Condado Galego
Portucalense (que era submisso ao reino de Leão).
A reconquista foi financiada pela igreja
católica através das cruzadas-expedições de cavaleiros cristão organizados para
combater os infiéis, os inimigos, os hereges – os árabes e o islã. As cruzadas
caracterizaram-se num conflito religioso – Catolicismo x Islamismo. A expulsão
dos árabes da P.I foi gradual e à medida que os cristãos do norte avançavam
para o centro-sul da P.I os cristãos (moçárabes) se misturam aos seus irmãos do
norte, influenciando-se mutuamente no que diz respeito à língua.
Em 1442, os Árabes são expulsos
totalmente da cidade de Granada na Espanha
É a partir da reconquista cristã que irá
se configurar um espaço para a formação da língua Portuguesa, pois os reinos
possuíram unidades políticas e lingüísticas, isso significa que as variedades
dialetais do norte se fixam nas fronteiras dos reinos, como exemplo podemos
citar: o romance aragonês, romance Leonês, roamance Castelão etc.
Desse modo, as guerras se davam, não só
contra os árabes, mas também contra reinos vizinhos.
No século XII, a configuração dos Reinos
é alterada, Afondo Henriques “herda” o condado portucalense (através de pressão
e sítio político, obriga a sua mãe a lhe entregar este condado, rompendo com
seu avô). Tal atitude de Afonso Henrique era pautada nas suas vitorias diante
dos árabes, enquanto o reino de maior prestigio (o do seu avô) não obtinha
vitorias significativas.
Nasce assim o reino de Portugal, com a obtenção
da autonomia do Condado Portucalense por Afonso Henriques e a reconquista de
mais da metade do território de Portugal.
Em relação à língua portuguesa, falada
do (séc. XII) a língua portuguesa, falada na Galícia era denominada
galego-português, superando-se depois em Galego e Português, nesse período até
o século XIV não existia grandes diferenças linguísticas.
No entanto é a partir de D. Diniz, já no
séc. XII que a língua oficial do reino se tornará o português, sendo a língua
dos documentos oficiais. Essa separação política e lingüística dos Reinos
Galegos e Português é marcado pelo rio Minho, embora a divisão política tenha
ocorrido cedo, a divisão lingüística vai demorar mais tempo para acontecer.
Outro fato importante no reinado de Afonso
Henriques é que no séc XII a sede da nação portuguesa que estava localizada
entre o rio Minho e Douro em Guimarães, é deslocado para Coimbra.
Portugal nasce como nação ágrafa, uma
vez que o latim era usado em situações de escrita e falado raramente em
ocasiões especiais. O galego-português surge heterogêneo em seus usos.
No séc XV inicia-se a distinção
lingüística entre o Galego e o português. O Cancioneiro Medieval português
(escrito em galego-português) apresenta variações gráficas (ortográficos)
lexicais, que apontam para a diversidade dialetal presentes na língua dos
séculos XIII e XIV.
Já em meados do séc. XIV pode-se encontrar
diferenças entre textos produzidos ao norte e ao sul do rio Minho. A língua
galega e a língua Portuguesa começam a se distanciar significativamente. Porém
é nos documentos notariais que se pode encontrar maiores comprovações da
diversidade dialetal.
As transformações lingüísticas nesse
período são queda do – l – intervocálico e a ausência de ditongação no
português e no Galego, enquanto no espanhol, aragonês, catalão a ditongação se
mantém.
É importante perceber que o Galego se
aproxima mais do Português do que do Espanhol, embora esteja classificado como
uma variação do espanhol, isso se deve a questões políticas territoriais, já
que a Espanha possui maior território, maior população e conseqüentemente maior
número de falantes de seu idioma de prestigio – o espanhol, e maior número de
literaturas traduzidas para esse idioma.
Com o advento da nação Portuguesa era
importante delimitar suas fronteiras políticas e lingüísticas, daí que D. Diniz
no século XII eleva a língua Portuguesa como língua oficial de Portugal sendo a
língua dos documentos oficiais. (língua de prestigio)
Desse modo, as línguas românicas
firmam-se a partir do momento em que a afirmação da identidade nacional dos
países emergentes torna-se necessário. É nesse período também que começa a se
difundir o ensino da língua Portuguesa, surgindo assim as primeiras gramáticas,
a exemplo da gramática de Fernão de Oliveira (1536), logo após a de João de
Barros (1540) e a gramática de Pero de Magalhães de Gândavo (1574).
A normatização da Língua Portuguesa só
seria pensada a partir da Expansão Comercial e Marítima Portuguesa, em que
devido as distâncias e o tempo das viagens eram necessários documentos escritos
como relatos dos viajantes e das terras conquistadas, a exemplo da Carta de
Pero Vaz Caminha. É essa língua de prestigio que se forma no século XVI que
mais tarde será trazida para o Brasil de 1500.