Quem sou eu

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Salvador, Bahia, Brazil
A língua está em mim, me perpassa, faz parte da minha formação como ser social inserido num grupo. Compõe ainda a minha própria formação acadêmica já que resolvi após o primeiro curso superior (Administração), cursar Letras. Essa língua me representa em todos meus conflitos, pois suas características são iguais as minhas, um ser multifacetado, de exterior sóbrio e estático, mas no íntimo um turbilhão em movimento. Assim como um rio congelado que apresenta a sua superfície estática, mas o seu interior está sempre em movimento, num curso perene. Capacidade de adaptação e compreensão com singularidade e regionalidades tolerantes como próprios à língua. Escrever é para mim, como respirar, sinto essa necessidade e é através da escrita como afirmou Aristóteles que transitamos desde o terror até a piedade de nós mesmos e do outro. Esse ofício da escrita nos eleva, nos projeta, nos ressignifica quando tocamos o outro com as nossas palavras, seja no universo ficcional, biográfico ou autobiográfico. Escrever é uma necessidade, escrever é transpirar no papel as nossas leituras.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

SHADE




Nada tenho de meu, na verdade nunca tive, sempre vivi à sombra. Todos brilhavam chamavam atenção, eu não. Sempre fui impulsionada a não me apresentar. Estava ali, mas não poderia demonstrar minha presença. Vivia como um ser invisível. Sempre fui a mais bela, a mais inteligente, a mais sábia, a mais educada, mas de que adiantava? Passava sempre despercebida.
Sabia que ameaçava as outras irmãs e por isso, elas sempre agiam assim arrumavam alguma forma de descartar-me para longe da presença delas, porém não se pode esconder o brilho do sol, nem ocultar a luz do dia.
Tendo crescido num brilho intenso incinerei as pretensões de todas elas, hoje elas não me ameaçam, o meu barulho ofusca todas elas.

O REPRESENTAR NA MODERNIDADE



Tendo Platão e Aristóteles tratado da representação clássica, em que para o primeiro a arte possuía fins didáticos e éticos, e para o segundo a arte era considerada imitação do mundo real, Cervantes inaugura a modernidade da representação com sua obra “Dom Quixote de La Mancha”.
A obra de Cervantes chama atenção para a crise que se instaura na linguagem, demonstrada através de valores antigos (ética dos antigos cavaleiros medievais). Há um choque linguístico e cultural porque o personagem está inserido num mundo em que destoa dos seus próprios valores éticos e culturais.
Nesse período havia uma associação do signo ao objeto sem questionamentos (arbitrária), o que irá acarretar na modernidade uma crise na linguagem e consequentemente na literatura, por essa trabalhar com uma linguagem (a literatura tem a sua representação através da linguagem).
Segundo Compagnon (1999) se representamos algo, no mínimo há um real (referente), porém não palpável, por ser representado através dos recursos da linguagem. Essa real que nos é representado através da linguagem, não conhecemos, tomamos conhecimento desse real através dos discursos históricos.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

BEDIJAVESCO (Sem vergonha, cafajeste, em romanês, antiga língua dos ciganos europeus).




O coração feminino ama rápido, a mente fantasia depressa, alguns instantes e a sua alma está entregue.
Três visitas, três visitas bastam para as mulheres acreditarem que o sujeito se interessa por elas, que eles sabem como agradá-las, muitas vezes pós um turbilhão, uma briga, certos homens as desmontam, desarmando-as e apesar de sempre culpados, conseguem a inversão dos papeis, e lá estão eles no lugar da vítima. E as mulheres tolas, acabam acreditando que foram severas demais, que tratara-os duramente e assim, afim de se redimirem terminam perdoando os cafajestes e abrem precedentes para que os mesmos continuem agindo desse jeito; descompromissados emocionalmente, sempre com segundas intenções, interesseiros, grosseiros, oportunistas, exploradores, profanadores dos sentimentos femininos.
No final, quando o coração feminino alcança a alforria, está doente, enfermidade incurável, tal doença a impedirá pra sempre de ser feliz .

ESQUECIMENTO



Ao nascer esqueceu de reclamar para si felicidade. Não teve paternidade, nem cuidado, amor, ternura ou presença.
Fora vomitado no mundo como um corpo estranho que o organismo expele por sua natureza prejudicial ou incômoda.
Nos encontros da vida o amor lhe faltou, essa ausência reverberou por toda a sua existência, desencadeando uma busca vã e exaustiva por outro afeto qualquer que preenchesse o espaço deixado pelo sentimento ausente.
Ilusões povoaram a sua vida em vários momentos, porém nunca materializou a felicidade almejada. Teve as emoções devassadas, o coração vilipendiado e por fim fora abandonado.

ALEA JACTA EST


Inevitável, quando está determinado, é sempre inevitável! Quando é decisivo e você toma a decisão, é inevitável.
Não se pode adiar o inevitável, atrasar, no máximo, mas resolverá. Você pode maquiar a realidade e continuar. Agir como se o ocorrera o inevitável, prolongar depois do fim e fantasiar para sobreviver, porém nada restará de concreto, somente o real, inevitável.

I.D. H.



As datas não importava, não seguia as campanhas do marketing social que demarca o ano com suas festas mais significativas Carnaval, Pascoa, Mães, Pais, Crianças e o Natal.
Para aquela família não havia nada disso, viviam num limbo atemporal, direcionavam suas energias e expectativas para sobreviver à existência. A vida sem vida não seria possível, viver pressupõe existir bem, com a chamada; qualidade de vida que as agências de estudo econômico tanto comentam, elas utilizam um indicador que avalia as condições das famílias (IDH). Se analisassem a família em questão perceberiam que existe estatísticas que nunca foram catalogadas.
O dia era pequeno em 24 horas para que essa família ganhasse o sustento necessário para o aluguel, a alimentação, as roupas, e os matérias necessários para os estudos.
Eram como autômatos, foram programados para trabalhar constantemente, sem recompensas satisfatórias, eram alheios a tudo, o único pensamento que invadia as suas mentes era o da sobrevivência que produzia um sentimento de desespero a cada novo dia, diante das incertezas da vida.