Quem sou eu

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Salvador, Bahia, Brazil
A língua está em mim, me perpassa, faz parte da minha formação como ser social inserido num grupo. Compõe ainda a minha própria formação acadêmica já que resolvi após o primeiro curso superior (Administração), cursar Letras. Essa língua me representa em todos meus conflitos, pois suas características são iguais as minhas, um ser multifacetado, de exterior sóbrio e estático, mas no íntimo um turbilhão em movimento. Assim como um rio congelado que apresenta a sua superfície estática, mas o seu interior está sempre em movimento, num curso perene. Capacidade de adaptação e compreensão com singularidade e regionalidades tolerantes como próprios à língua. Escrever é para mim, como respirar, sinto essa necessidade e é através da escrita como afirmou Aristóteles que transitamos desde o terror até a piedade de nós mesmos e do outro. Esse ofício da escrita nos eleva, nos projeta, nos ressignifica quando tocamos o outro com as nossas palavras, seja no universo ficcional, biográfico ou autobiográfico. Escrever é uma necessidade, escrever é transpirar no papel as nossas leituras.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

SELEÇÃO




Próximo. Ao chegar não dissera logo o motivo da sua vinda. Compartilhavam cumplicidades. A conveniência os unia.
Como é próprio de todo começo, eram felizes, o tempo passa, longas distâncias, visitas esporádicas, insatisfações.
Ausência, solidão, abandono. Longa distância, primeiro contato, ele está no além-mar, desconversa sobre a ausência menciona o vil metal.
Promessas. Segundo contato, ele permanece no além-mar, agora reatou o casamento, porém não desiste de relacionamento. Argumenta sobre o vil metal novamente.
Desilusão. Sem forças, Miro cansa de esperar pelo reencontro, sabe que a vinda do outro tem data marcada, o dia de receber o vil metal, razão pela qual ainda estão unidos. Em sua mente Miro visualiza a grande fila de relacionamentos efêmeros e quase que instintivamente ouve o grito da sua alma que ecoa por todo o seu corpo: - próximo.

SURFISTA



Não sei o que pensar, não sei o que devo querer, nada me satisfaz, ainda sinto falta de tudo, mas também não quero nada. Nada das pessoas que não se interessam por mim, odeio mentiras, falso interesse. A solidão me devora, finjo não perceber anoitecer, perdi minha alegria.
Ontem o encontrei me contive todo tempo, matei o sentimento, desconversei nada mostrei interesse, falei palavras desconexas, me afastei.
Apesar de apresentar um perfil de autossuficiência, por dentro se extinguia a última fagulha de esperança.
Não irei conquista-lo, a partir de agora, sei que é um amor inalcançável, moreno, jovem, 1,60m, malandro e lindo, Bruno é o seu nome, a inspiração minha escrita nessa tarde quente, aqui em Itacaré.

Mas afinal, o que é Literatura?




Culler problematiza o conceito de literatura para demonstrar que o conceito estrito (específico) é o que nos interessa, porém não é definido facilmente: Literatura é uma relação de linguagem com uma cultura e um contexto no qual a literatura está inserida.
A literatura é sempre uma relação com: outra obra, textos teóricos, obras literárias.
Culler afirma ainda que o texto literário apresenta características como: complexidade, multissignificação, criação, variedade, predomínio da conotação e ênfase no significante. No entanto, apesar da literatura conter essas características (Literariedade), para Culler, ela não se limita só a isso, porque a literatura é ampla.
Já para Barthes a literatura assume vários saberes por que todas as ciências estão presentes no momento literário de forma indireta da reflexividade, e isso é um processo infinito.
Barthes (1989) em seu texto Aula, valoriza a variedade linguística do tratar da liberdade utópica de escolhas que os indivíduos possuem de poder escolher uma linguagem segundo as suas perversões e não segundo a lei.
Barthes trata ainda sobre o poder do deslocamento que a literatura exerce sobre os indivíduos (leitores) e ainda sobre o próprio escritor (autor) e cita que este pode tentar fugir do que produziu (obra escrita), mas não dos seus pensamentos (a obra internalizada no seu consciente).
Logo, podemos depreender também a ligação que a literatura faz entre texto escrito (a obra) e o teatro através da língua.
A literatura através da semiótica (traduções Intersemióticas) trabalha com signos desenvolvendo a linguagem em todos os campos da ciência, daí a multiplicidade dos saberes.
É a partir desses conceitos de literatura e de texto literário que Hoisel (2002) irá fazer suas considerações. Para Hoisel, o texto define-se como qualquer discurso, qualquer malha significante que pode ser lido, relido, e escrito, reescrito em cada leitura. Constitui-se um mosaico de citações, contribuição de vários autores diacrônicos e sincrônicos.
Segundo Hoisel, a leitura é um duplo gesto que consiste em decodificar/codificar o tecido textual há uma possibilidade infinita de interpretações de um mesmo texto. Nesse exercício, o leitor é aquele que traduz um código para outro. Podendo ser descompromissado ou criterioso quanto à leitura que está fazendo (decodificando/codificando).
No entanto o texto pode apresentar um caráter de mascaramento, que consiste na capacidade que o texto artístico possui de permanecer imperceptível diante da percepção do leitor. Já o estranhamento, consiste em dar uma nova visão do objeto e não o seu reconhecimento, subvertendo expectativas lógicas, psicológicas, científicas do receptor.
Hoisel trata ainda da mensagem estética, afirmando que esta se apresenta estrutura da de modo ambíguo e surge como auto-reflexiva, isto é, quando pretende atrair a atenção da obstinatario para a forma dela mesma – mensagem. Possui capacidade infinita de renovação da linguagem, e a auto-reflexividade que é a possibilidade de dar forma e demonstrar experiências, um poema é sempre sobre outro poema (desmonta a tradição, dialoga, apresenta nova perspectiva).

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Queer





Inocência. A vida lhe batizara com a ingenuidade. Não compreendia o ser humano nem se esforçava para tal.

Por que todos pensam o mesmo sobre os homossexuais? Que são efeminados, que querem ser mulher, ou se submeteriam a uma mesa cirúrgica para mudarem o sexo? O homossexual é antes de tudo um (ser de identidade) forte.

Inocência assim pensava por não ter conhecimento, não lera Santiago: o Homossexual Astucioso. Sofrera a endogenia escolar, não está apta para o convívio social, não aprendera a tolerância.

Pobre Inocência, não sabe que o homossexual reúne em si o melhor do homem e da mulher.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

UFBA - Teoria da Representação da Literatura e da Cultura - Paulo Souza de Amaral


 FOUCAULT / BARTHES - TRAVESSIA



O texto mais representativo sobre a morte do autor é o de Barthes (1987), embora a estética da recepção já tratasse desse assunto (não questionava a autoridade do autor sobre a obra), o texto de Barthes estrutura o assunto de forma mais organizada, questionando a autoridade do autor.
Mais tarde Foucault (1992), resgata a importância do autor (sem dar relevância à sua autoridade), Foucault afirma que devido à função poética o autor perdeu a autoridade sobre o texto literário-referencialdade específica.
Assim Foucault pretende problematizar as condições de funcionamento de determinados discursos como a figura do autor, noção de obra etc, não há teoria da obra, portanto a noção de obra remete a uma leitura fechada, atribuir certas características a obra/autor-acarreta num fechamento da concepção do discurso, desse modo questionando-se o autor, questiona-se a obra, através dessas reflexões Foucault conclui que o indivíduo não é mais o responsável pelo texto, ele é construto de linguagem do texto (apagamento das características individuais do sujeito que escreve).
Barthes elencava o leitor em detrimento do autor, por afirmar que o texto é feito de escritas múltiplas, de várias culturas e que essa multiplicidade se reúne no leitor onde se inscrevem todas as citações de que uma escrita é feita, desse modo à unidade de um texto não está em sua origem, mas no seu destino - o leitor.
Santiago (1989) também estabelece o leitor como figura crucial do discurso afirmando que todo texto literário é de travessia (destinado a um determinado leitor anônimo) e singular por se tratar de uma leitura única, solitária. Prioriza a linguagem poética que é direcionada ao leitor.

UFBA - Teoria da Representação da Literatura e da Cultura - Paulo Souza de Amaral ( Barthes sobre autoria)



O texto mais representativo sobre a morte do autor é o de Barthes, embora a estética da recepção já tratasse desse assunto, não questionava a autoridade do autor sobre sua obra.
O texto de Barthes estrutura o assunto de forma mais organizada, questionado a autoridade do autor.
Barthes (1987) objetivava fechar o campo epistemológico que valorizava o autor, como se o texto fosse à biografia do autor, essa corrente de pensamento seria prejudicial para os estudos literários, segundo Barthes, por acreditar que o entendimento da obra só seria possível através do conhecimento do autor, seu contexto social, suas experiências etc. Desse modo, seria impossível para o leitor depreender o sentido do texto, já que a leitura era fechada.
Para Barthes da um autor a um texto é impor a esse texto um mecanismo de segurança, é dotá-lo de um significado último, por isso Barthes vai descontruir essas noções elencando a palavra escritor para evitar associações com afigura do autor antigo, pois o indivíduo não é mais o responsável pelo texto, ele é construto de linguagem do texto, (apagamento das características individuais do sujeito que escreve).
Mais tarde Foucault (1992) resgata a importância do autor, sem dar relevância à sua autoridade, Foucault afirma que devido à função poética o autor perdeu a autoridade sobre o texto literário-referencialdade específica. Com isso Foucault objetivou problematizar as condições de funcionamento de determinados discursos como: a figura do autor, a noção de obra etc. Segundo Foucault não existia teoria da obra, a noção de obra remete a uma leitura fechada, atribuir certas características a obra/autor acarretaria em um fechamento da concepção do discurso literário.
Todas essas reflexões vão culminar no texto de Barthes que trata da morte do autor em detrimento do leitor que se revela o ser total da escrita, pois para Barthes o texto (obra) é feito de escritas múltiplas, saídas de várias culturas e que dialogam um com as outras na figura do leitor, onde se inscrevem todas as citações de que uma escrita é feita, o leitor é um homem sem história, sem biografia, sem psicologia, é apenas esse alguém que têm reunidos num mesmo campo todos os traços que constituem o escrito.   

UFBA - Teoria da Representação da Literatura e da Cultura Paulo Souza de Amaral

PLATÃO E O SIMULACRO



 Reverter o platonismo deve significar, ao contrário, tornar manifesta à luz do dia essa motivação, encurralar essa motivação tal como Platão encurrala o sofista.
A dialética platônica se constitui de rivalidades (dos rivais ou dos predentendes), a essência está em profundidade na seleção da linhagem – distinguir o verdadeiro pretendente dos falsos.
O mito é o elemento integrante da própria divisão. Assim o mito constrói o modelo de análise de acordo com o qual os pretendentes devem ser julgados e sua pretensão medida – autenticação da ideia. Platão objetivou distinguir a essência e a aparência, o inteligível e o sensível, a ideia e a imagem, o original e a cópia o modelo e o simulacro, Platão divide em dois o domínios das imagens – ídolos: cópias ícones e simulacros fantasmas. A motivação platônica foi selecionar os pretendentes distinguindo: as boas e as más cópias, cópias bem fundadas e simulacros submersos da dessemelhança. A cópia é uma imagem dotada de semelhança, o simulacro uma imagem sem semelhança. O simulacro inclui em si o ponto de vista diferencial, o observador faz parte do próprio simulacro, que se transforma e se deforma com seu ponto de vista: o devir-louco.
O platonismo funda o domínio da representação preenchido pelas cópias ícones e definido numa relação intrínseca ao modelo ou fundamento. O desdobrar da representação como bem fundada e limitada como representação finita e antes o objeto de Aristóteles: A representação vai dos mais altos gêneros a menores espécies e o método de divisão toma então seu procedimento tradicional de especificação que não tinha em Platão, é o terceiro momento da representação, quando sob influência do cristianismo se procura torná-la infinita, fazer valer para ela uma pretensão sobre o ilimitado.
Assim podemos elencar a dualidade da estética: teoria da sensibidade como forma de experiência possível; e a teoria da arte como reflexão da experiência real. Logo, percebemos que reverter o platonismo significa introduzir a subversão nesse mundo já que o simulacro nega tanto o original como a cópia, tanto o modelo coma a reprodução.
Assim na modernidade, potência do simulacro, cabe à filosofia destacar da modernidade o intempestivo.

ECSTASY



Sérgio desperta durante a noite, suado e ofegante, a mente fervilha pensamentos de todos os tipos. Deseja muitas coisas, anseia por realizar mil planos.
Visualizava um futuro próspero, mas sem satisfação nele. Previa seu sofrimento, ainda que dinheiro viesse a possuir não adquiriria a felicidade.
Sua satisfação estaria sempre condicionada aos relacionamentos que pudesse compra, sim, o dinheiro era o padrinho que sempre abençoava a sua união.
Como um imã, os seus bens atraía os homens para ele, porém não estava feliz. Experimentava lapsos de alegria.
Após cada relacionamento a sensação do vazio aumentava exponencialmente. Como um dependente químico, sofria a abstinência da sua droga dileta, não compreendia o seu abandono.
O destino designara-lhe um trabalho hercúleo: amar um ser que lhe era igual no gênero.