Quem sou eu

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Salvador, Bahia, Brazil
A língua está em mim, me perpassa, faz parte da minha formação como ser social inserido num grupo. Compõe ainda a minha própria formação acadêmica já que resolvi após o primeiro curso superior (Administração), cursar Letras. Essa língua me representa em todos meus conflitos, pois suas características são iguais as minhas, um ser multifacetado, de exterior sóbrio e estático, mas no íntimo um turbilhão em movimento. Assim como um rio congelado que apresenta a sua superfície estática, mas o seu interior está sempre em movimento, num curso perene. Capacidade de adaptação e compreensão com singularidade e regionalidades tolerantes como próprios à língua. Escrever é para mim, como respirar, sinto essa necessidade e é através da escrita como afirmou Aristóteles que transitamos desde o terror até a piedade de nós mesmos e do outro. Esse ofício da escrita nos eleva, nos projeta, nos ressignifica quando tocamos o outro com as nossas palavras, seja no universo ficcional, biográfico ou autobiográfico. Escrever é uma necessidade, escrever é transpirar no papel as nossas leituras.

domingo, 30 de novembro de 2014

Reticências...







                     Após a declinação do sol, e diante da presença da lua, a esperança concebeu o abandono. Forasteiro de minhas razões desfiz dos obstáculos: procurei, investiguei, investi.
                     Despi o sentimento, não houve recíprocas. Ressuscitou-se promessas, conversas, sorrisos, mas já era sabido que a realidade não retornaria. Havia fugido há tempos; fora da área ou desligado era a notícia presente. Resposta incompatível não tivera, impossível não se revelara, apenas ouvira sobre a demora, que a distância, seria a energia, o combustível do querer...

terça-feira, 14 de outubro de 2014

MEMORARE







                 Esquecer é uma lâmina cega que fere e amarrota a alma. É uma navalha afiada de fio perene, uma espada de dois gumes que dilacera e estanca o sentimento. 
                 É a vida sem tino, é o amar sem notícias, é o silêncio da ausência. É  esperar sem resposta, olhar para o telefone aguardando que ele toque mas o amor não vem...
             ... É estar inerte no além das emoções tristes, perdido nos domínios da inexatidão.

domingo, 24 de agosto de 2014

QUEER THEORY


           
 
                 Segundo Judith Butler,(1990) quando nos travestimos, não estamos imitando nenhum gênero original, uma vez que gênero já é em si uma imitação de algo que nunca existiu na realidade, que jamais possuiu um "original".
                 Apesar de comungar com as ideias da autora, confesso que nunca havia lido Judith Butler, nem as referências dela. Entretanto quando pensei em falar sobre esse tema , percebi que seu livro seria essencial para desenvolver a minha crítica.
                Sempre fui reflexivo sobre as relações sociais e de poder, além de observador dos discursos e práticas sociais, (as possíveis materializações desses discursos). Percebia que alguns grupos apesar de se afirmarem "comunistas", eram dispersivos, mais pro chute que pra "sólida base teórica" - comunistas que nunca leram "O Capital". Só trechos.
                 O processo transgênero que a sociedade vem passando me aproximou das reflexões da Teoria Queer. Isso me fez perceber queda de sucessivas barreiras. A primeira barreira foi a da naturalidade dos gêneros, (masculino/feminino). Desde que nascemos, ou antes, somos classificados como uma de duas possibilidades: menina, de quem se espera tranquilidade, meiguice, para que no futuro, se tornem doces mamães e "Donas de casa".
                   E menino, de quem se espera agressividade e pontaria, para que no futuro, se tornem "Generais Patton" quem não se enquadra nesse padrão heterossexual e Bi-Gênero, é tido como esquisito anomalia. Em inglês, "Queer." A segunda barreira foi a da congruência necessária entre sexo, gênero e orientação sexual. Essa regra nasce da suposição de que a heterossexualidade seja a "base normal" do ser humano- não é, e as combinações possíveis são infinitas.
                  A terceira barreira foi a do espaço público. Tabus e proibições precisam ser enfrentados interna e externamente. Há o medo da agressão, da perda do respeito, do ridículo. A transgressão "escorrega" para dentro dos antigos modelos, gerando uma busca por representações impossíveis. Possível é superar esse bloqueio ao se compreender a abertura de que dispomos para atingir um novo patamar de auto-aceitação e de  convívio social. Claro que é imprescindível a necessidade  de estender a todas a s pessoas os direitos que foram criados para serem universais. E é isso que a Teoria Queer vem reclamar sacudindo as ideias sobre sexo, gênero e sociedade com questões novas e perturbadoras. Há quem se mantenha distante dessa inquietação toda. Nós porém, preferimos nos apropriar dessa teoria e  fazer refletir sobre a impossibilidade de classificar os seres humanos em limitações de gêneros binários: exclusivamente masculinos e femininos.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

O ESPELHO DE ÁLICE


                    Cedo gostava de escrever, ler, recitar. Tinta preta escrevia seus diários. Luto? Talvez... Nunca fora de amar certo, preterida sempre, amava amigos, mas esses não a correspondia.
                     Com os pés no caminho inverso, doava-se por completo, sempre angariando o tédio. Crescera nesse interstício- amor-dor-vexame-confusão. Alienaram suas emoções, buscavam definição: sofrimento como paga por tal transgressão.
                      Entretanto aprendera de Eliot: " que o fim de toda busca será chegarmos onde começamos e ver o local pela primeira vez." Iniciara agora de outra forma, porém da mesma maneira. Confiante e disposta a entregar-se. Antes do trigésimo dia, a decepção: a verdade em ação. Resolvera perdoar, relevando, amou a distância, transpareceu felicidades vivendo novidades.
                      Amanhecer. No reflexo visualizava o desejo, o conserto do mundo, a ordem das coisas, a arbitrariedade do signo, contrariedade no amor. Desejava abandonar a compreensão, conhecer a paixão, realizar a satisfação.

sábado, 21 de junho de 2014

INVERNO






                        O amor é autônomo, independente. Acontece e então! Não pede, não manda, não constrange, não culpa, não solicita, não exige, não condiciona, não vinga-se, não decepciona, não abandona, apenas ama.
                         Ama sem precedentes, sem recompensas, apenas alimenta o sentimento com uma chama abnegada. Doa-se, sacrifica-se, submete-se, e ao final, transforma-se para renascer em perdão.
                         




sábado, 14 de junho de 2014

SISTEMA EDUCACIONAL E SOCIALIZAÇÃO.


                 


                   Para Durkheim (1978), o sistema educacional formal se impõe ao indivíduo de maneira e modo irresistível. Áreas como a política, a sociedade e a família influenciaram grandemente de maneira a interferir na composição desse sistema educacional.
                    Na educação formal o indivíduo encontra-se no ambiente propício onde ocorre ou deve ocorrer essa educação, são eles: escolas centros de aperfeiçoamento ou capacitação projetos educativos etc. Nesse ambiente a educação se dá de forma sistematizada e metódica.
                     Por outro lado na educação informal, o sujeito adquire experiências através do meio em que se encontra e se desenvolve, são hábitos e costumes adquiridos por classes, grupos, nos quais esses indivíduos  estão inseridos. O aprendizado ocorre de maneira espontânea.
                     Segundo Durkheim (1978), a educação varia de lugar para lugar, de classe social para classe social, o que o autor classifica como heterogeneidade da educação, somente as sociedades pré-históricas terão um modelo de educação homogêneo,(tribo indígena) caracterizado pelo processo mecânico, e repetitivo, ou seja, mecanicista, automático.
                     Durkheim (1978), define educação como preparar , instituir valores e padrões mentais, suscitar estados mentais, intelectuais e físicos reclamado pela sociedade política.
                        Tal definição não dá conta de conceituar a educação, pois não podemos mudar ou alterar, ou ainda, transformar totalmente o indivíduo estando o mesmo sempre a mercê do contexto social, político e econômico da época em questão. Logo a educação varia no tempo, história e lugar. Percebemos isso se analisarmos o confronto das gerações atuais com os modelos educacionais ultrapassados.
                     Durkheim propõe um conceito básico de educação: ação de uma geração adulta sobre uma geração em faixa etária inferior. Essa educação tem por finalidade agregar ao ser egoísta e associal uma natureza capaz de vida social e moral visando a integração do indivíduo na sociedade, objetivando a conservação da ordem social,(consciência coletiva).
                      Tal processo de socialização para Berger e Berger seria a imposição de regras ou padrões sociais à conduta individual. Isso se constitui através de um poder de constrição: adulto>criança.
                       Os autores afirmam ainda, que durante o processo de socialização do indivíduo este desenvolve representações para os sujeitos que participam desse processo, os mais próximos que atuam de forma ativa através de procedimentos simples como ensinar como realizar as necessidades básicas, ou procedimentos complexos como a educação formal, no seu desenvolvimento são caracterizados como "outros significativos" e os de menor contato social são denominados "outros generalizados".
                        Podemos perceber também sobre a complexidade da apreensão do mundo pelo indivíduo que está no processo de socialização que o mesmo é composto de duas facetas da sua individualidade: o eu e o me.
                        O "eu" representa a consciência espontânea ininterrupta da individualidade que todos nós temos. Já o "me" representa a parte da individualidade que foi configurada pela sociedade.
                         Daí que a socialização para Berger e Berger envolve processos simples e complexos.     
                       
                   

quarta-feira, 11 de junho de 2014

DESFECHO


                     Estou só, estive só, ando só. Será? Tive  a alma desnudada por recente. Beijei uma nuvem de felicidade, mas fora efêmera.
                      Tentei, esforcei, insisti, mas  no  final não adiantou, relevei, acreditei, renunciei a tudo: caprichos, orgulhos, amor, dor, e paciência, mas ao final não consegui.
                      Foi-me tirado tudo, em instantes felizes. Amanheci devastado, desolado, saqueado, subtraíram minha emoção, minha razão, minha satisfação.
                       Meu coração completo foi feito abjeto, meus sentimentos diletos tidos supérfluos. E o que dizer do amor? Triste castigo indireto que aprisiona a alma ao incerto, fazendo cada dia incompleto.

domingo, 1 de junho de 2014

CONSTERNAÇÃO





                     Vida de retinas fatigadas, olho o tempo, sinto o vento, corro o momento. Estou só, no desespero, no desapego, no silêncio. Penso muito, nada sei; negar bastaria?
                      Ignorar não altera a realidade. Enfrentar talvez. Escapar, fugir, deixando lembranças, qualquer uma.
                      Fingir que  reafirme quem és. Agora já não sabes. Perdera-se numa espiral de recordações vorazes.
                      Em seu pensamento vive sozinho, desiludido, desenganado , desacompanhado. Instante molesto, no ritmo momentoso, perseguindo o alento num turbilhão adverso.

terça-feira, 27 de maio de 2014

FUGA





                    Um dia amante, um dia fugitivo, um dia feliz, outro bandido. Confuso sempre, permanentemente esquecido.
                     Felicidade devia ser proibido. Ela vicia, terrível como droga, é a droga da alegria. Quando se vai torna tudo monotonia.
                     Enquanto podes, não queira acordar a agonia, a angústia da abstinência da felicidade de um dia. Só. Depois de tudo, o que resta, é o despertar da maresia.
                      As lembranças estarão torturando a consciência com momentos possíveis, perdidos, proibidos, relegados, não vividos.

sábado, 24 de maio de 2014

ARQUEOLOGIA DE EMOÇÃO

               



                   O sentimento  avassalador sacudia meu peito, o olhar encantador, seduzia, hipnotizava fazia-me em êxtase.
                     Continuum de emoções, seus olhos atraía-me como um ímã. Refletia nossa felicidade futura. A recíproca era confusa, não negava, nem permitia. Aceitação misteriosa, incógnita do anseio.
                      Agradava-lhe ser conquistado, coração pilhado por palavras de admiração e desejo. Permanecera intransparente não esboçava reação.
                       Torturando-me com silêncio e aparente indecisão, permitira-me um momento a dois. Total realização.
                     

sábado, 26 de abril de 2014

Florecer






                     Periferia, quintal de casa, um tonel, quatro mãos brincam com a  água no interior dele.
Palavras, conversas, fatos, e gestos. Verdade encoberta, vida transparente. Naquele instante revelava o que todos já sabiam, temiam perceber, mas a dúvida os instigava a questioná-lo. Ainda que a resposta os apavorasse.
                      Assim, ao constatar a realidade homoafetiva em família, passou a viver preocupado. Enquanto o outro a essa altura já lutava a sua própria batalha: negação, raiva, negociação, depressão, e por fim, aceitação.
                       Confesso que a mais tenebrosa tenha sido a quarta fase, porém a maior recompensa é a trégua consigo, ao reconhecer-se no seu próprio corpo, diante da última máscara: a sua imagem no espelho.

domingo, 13 de abril de 2014

LEGATÁRIO.


                  Não tive filhos, não transmiti a ninguém o legado da nossa tristeza. Não gerei, não criei, não alimentei, não abandonei, não assumi, não releguei, não preocupei, nem dor causei.
                   Universo de mágoas, armazém de solidão, infância triste, desprezo e abnegação. Luta constante, sempre para permanecer. Dificultaram a sua vida, um legado sofrível. Abandonado desde cedo, não gozava de possibilidades, agarrou a conquista, e com perseverança tendo vencido a luta da vida, no seu êxito, decidira que não promoveria o sofrimento a outrem. Não geraria ninguém, alguém, ou seja lá o que fosse.
                   Não teve filhos não transmitiu a ninguém o legado da sua tristeza.

sábado, 29 de março de 2014

Tripartite




                  Penso muito. Nada sei, um homem e duas mulheres. Não censuro. Já fui o quarto num relacionamento como esse. Mas o que leva a repartir a alma no interior de três. E o que dizer de compartilhar  a virilidade masculina esporadicamente?
                   Noites solitárias e com meia companhia. Sonhos adormecidos e frustrados. Como não se aventurar em busca de algo próprio? O comodismo a aprisionara algemando-a num relacionamento infeliz e vergonhoso. Compensava-se com o trabalho e o gasto compulsivo.
                   Sabia que não estava feliz, não era, nem seria, se prostrada permanecesse. A opinião alheia não lhe movia. Como uma lente translúcida, fingia não enxergar, como aprendera a fingir ser amada e estar contente. pobre refugo de gente, não desenvolvera  a vontade de viver.

quinta-feira, 13 de março de 2014

QUIETUDE





                       Pretendo deixar o efêmero, alcançar o pleno, findar a busca, sepultar a luta, encontrar descanso. Borbulho negativas, exalo decepções, Só. Prisão lúgubre, penetro num rio introspecto, arrependo-me do que não deu certo, me comprime  os anos, peso do tempo, inexatidão do momento.
                        Exaspero fugaz.Vivo a eternidade, não abraço o volúvel, considero absurdo, resguardo o correto; não príncipe, não poeta, não cavaleiro, não atleta.
                         Invólucro humano,amálgama divino,composto de desejos, revestido de medos, anseios, dor e força. Ousadia para amar, doar, arriscar-se!






domingo, 9 de março de 2014

EQUINÓCIO









         

       Minha primavera é  de folhas secas, minhas buscas exauri, meu relacionamento frio, sempre fora oculto...
                  Transpiro angústias, insatisfação constante. Casado com o silêncio, interpretando a  felicidade dia-a-dia, preciso dar voz  à realidade, complementar a  metade, alcançar a verdade. Vivo um mundo sem sonhos...
                   Não estou completo, sinto me exilado, rejeitado, abjeto, equinociado.


sábado, 18 de janeiro de 2014

PERCEPÇÃO





                        Sinto o mundo, aprecio vagarosamente... Vejo o fim, reflito o viver, procuro razões, motivos, esperança. Angustio o tempo, preparo o momento. A companhia eterna, o afeto abraço, o parceiro dileto.
                         Evaporo sonhos, transpiro desejos, respiro o medo. Comando anseios, entrelaço decepções, esqueço a esperança. Aguardo a aliança.