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Salvador, Bahia, Brazil
A língua está em mim, me perpassa, faz parte da minha formação como ser social inserido num grupo. Compõe ainda a minha própria formação acadêmica já que resolvi após o primeiro curso superior (Administração), cursar Letras. Essa língua me representa em todos meus conflitos, pois suas características são iguais as minhas, um ser multifacetado, de exterior sóbrio e estático, mas no íntimo um turbilhão em movimento. Assim como um rio congelado que apresenta a sua superfície estática, mas o seu interior está sempre em movimento, num curso perene. Capacidade de adaptação e compreensão com singularidade e regionalidades tolerantes como próprios à língua. Escrever é para mim, como respirar, sinto essa necessidade e é através da escrita como afirmou Aristóteles que transitamos desde o terror até a piedade de nós mesmos e do outro. Esse ofício da escrita nos eleva, nos projeta, nos ressignifica quando tocamos o outro com as nossas palavras, seja no universo ficcional, biográfico ou autobiográfico. Escrever é uma necessidade, escrever é transpirar no papel as nossas leituras.

domingo, 24 de agosto de 2014

QUEER THEORY


           
 
                 Segundo Judith Butler,(1990) quando nos travestimos, não estamos imitando nenhum gênero original, uma vez que gênero já é em si uma imitação de algo que nunca existiu na realidade, que jamais possuiu um "original".
                 Apesar de comungar com as ideias da autora, confesso que nunca havia lido Judith Butler, nem as referências dela. Entretanto quando pensei em falar sobre esse tema , percebi que seu livro seria essencial para desenvolver a minha crítica.
                Sempre fui reflexivo sobre as relações sociais e de poder, além de observador dos discursos e práticas sociais, (as possíveis materializações desses discursos). Percebia que alguns grupos apesar de se afirmarem "comunistas", eram dispersivos, mais pro chute que pra "sólida base teórica" - comunistas que nunca leram "O Capital". Só trechos.
                 O processo transgênero que a sociedade vem passando me aproximou das reflexões da Teoria Queer. Isso me fez perceber queda de sucessivas barreiras. A primeira barreira foi a da naturalidade dos gêneros, (masculino/feminino). Desde que nascemos, ou antes, somos classificados como uma de duas possibilidades: menina, de quem se espera tranquilidade, meiguice, para que no futuro, se tornem doces mamães e "Donas de casa".
                   E menino, de quem se espera agressividade e pontaria, para que no futuro, se tornem "Generais Patton" quem não se enquadra nesse padrão heterossexual e Bi-Gênero, é tido como esquisito anomalia. Em inglês, "Queer." A segunda barreira foi a da congruência necessária entre sexo, gênero e orientação sexual. Essa regra nasce da suposição de que a heterossexualidade seja a "base normal" do ser humano- não é, e as combinações possíveis são infinitas.
                  A terceira barreira foi a do espaço público. Tabus e proibições precisam ser enfrentados interna e externamente. Há o medo da agressão, da perda do respeito, do ridículo. A transgressão "escorrega" para dentro dos antigos modelos, gerando uma busca por representações impossíveis. Possível é superar esse bloqueio ao se compreender a abertura de que dispomos para atingir um novo patamar de auto-aceitação e de  convívio social. Claro que é imprescindível a necessidade  de estender a todas a s pessoas os direitos que foram criados para serem universais. E é isso que a Teoria Queer vem reclamar sacudindo as ideias sobre sexo, gênero e sociedade com questões novas e perturbadoras. Há quem se mantenha distante dessa inquietação toda. Nós porém, preferimos nos apropriar dessa teoria e  fazer refletir sobre a impossibilidade de classificar os seres humanos em limitações de gêneros binários: exclusivamente masculinos e femininos.