Santos (1996), objetiva esclarecer
as noções de Latim vulgar em oposição a de Latim literário ou erudito na origem
das línguas românicas.
O autor define o Latim vulgar como
Latim falado de diversas formas em momentos vários da história do Latim. Nesse sentido,
ele pode ser oposto a Latim escrito, que na sua modalidade mais cultivada, constituía
o Latim literário Latim erudito, ou clássico.
Assim, o Latim vulgar teria sido a
realização oral do Latim desde a presença de tal língua como instrumento de
comunicação no Lácio até sua transformação em línguas românicas (Português,
Espanhol, Catalão etc), para o autor não se pode perder de vista que nenhuma
realização linguística é uniforme em qualquer sociedade. Logo, o Latim
comportava variações diastráticas, desde a primeira diferenciação social. Em função
da expansão do Latim para fora do Lácio e desde o início da dominação de áreas
vizinhas formavam-se variações diatópicas que somava-se às variações anteriormente
mencionadas.
Diante disso, não podemos pensar no
Latim como algo uniforme, mas como uma expressão que encerra diversidades de
realizações orais de um mesmo sistema linguístico.
Outra importante distinção a ser
feita é entre o Latim vulgar, o qual já definimos e o baixo Latim que
representa uma fase da língua escrita que agora se democratizara deslocando
regras até então imutáveis e assumindo certas realizações da fala. Contudo o
que aqui chamamos Latim vulgar sempre fora realizado oralmente e continuaria a
sê-lo ainda durante algum tempo, jamais tornando-se modalidade escrita a exemplo
do Latim clássico e do baixo latim. Todos uma só língua porque compõe um só
sistema, mas o primeiro com modalidades escritas em momentos diferentes de sua
história.
É importante citar a resistência entre
a maioria dos linguistas em afirmar que todo Latim falado era latim vulgar
devido a consideração de que o Latim falado não era substantivamente conhecido,
sendo muito mais hipotético e também porque se relutava em aplicar o adjetivo “vulgar”
para os seguimentos dominantes da sociedade Romana, considerados letrados por usar formas mais apuradas da língua, mesmo no registro coloquial.
Teoristas como Iordan e Manolin e
B.E. Vidos hesitam em classificar a denominação de vulgar para o Latim falado,
entretanto distinguem formas populares de formas vulgares.
As primeiras estariam mais próximas
da classe aristocrática (uso), que por sua vez, evidentemente, estariam próximo
do padrão literário, enquanto que a segunda era utilizada pela classe leiga da
sociedade.
Desse modo, concluímos que qualquer
que seja a denominação designada para a língua falada pelos Romanos e
exportadas para outras partes do mundo, ela deve ser associada a um conceito
que contemple o dinamismo da língua, que a perceba em constante movimento,
tendendo para transformações e que admita em si uma gama de diversidades
regionais sociais e temporais.