Quem sou eu

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Salvador, Bahia, Brazil
A língua está em mim, me perpassa, faz parte da minha formação como ser social inserido num grupo. Compõe ainda a minha própria formação acadêmica já que resolvi após o primeiro curso superior (Administração), cursar Letras. Essa língua me representa em todos meus conflitos, pois suas características são iguais as minhas, um ser multifacetado, de exterior sóbrio e estático, mas no íntimo um turbilhão em movimento. Assim como um rio congelado que apresenta a sua superfície estática, mas o seu interior está sempre em movimento, num curso perene. Capacidade de adaptação e compreensão com singularidade e regionalidades tolerantes como próprios à língua. Escrever é para mim, como respirar, sinto essa necessidade e é através da escrita como afirmou Aristóteles que transitamos desde o terror até a piedade de nós mesmos e do outro. Esse ofício da escrita nos eleva, nos projeta, nos ressignifica quando tocamos o outro com as nossas palavras, seja no universo ficcional, biográfico ou autobiográfico. Escrever é uma necessidade, escrever é transpirar no papel as nossas leituras.

terça-feira, 31 de julho de 2012

O PROJETO



A casa deveria ter vários cômodos, ser espaçosa, arejada, cozinha americana, com janelas transparentes na parede do fundo, de modo que pudessem avistar a área externa ou quintal, muro alto em redor, jardim simples com algumas plantas úteis para chás e algumas flores como cravo, girassol, margarida etc., churrasqueira, uma piscina pequena e espreguiçadeiras para pegar sol, sim, essa era a atividade predileta dele depois da atividade física, é claro, o Cooper. O restante da casa não era tão importante para ele. A sala era bem cômoda com carpetes e sofás, uma tv com imagem 4D, sistema de som integrado, a sensação era de estar numa sala de cinema de um grande shopping, os dormitórios eram personalizados com temas como: as fotos dele próprio, em trajes de banho, e em passeios com os amigos, outro quarto fora decorado com as cores e bandeiras dos  times do coração e o de hospede, apresentava decoração com temas literários: O Dom Quixote, O médico e o monstro, além de personagens kafkianas como: o agrimensor e o médico rural. A construção fora rápida, num dia chegara a construtora responsável pela obra, no outro o esqueleto da casa estava montada, e logo a ideia passara da mente de K. para  plano real, satisfazendo, assim o sonho de toda a sua vida.







terça-feira, 17 de julho de 2012

REFÉM


Um beijo, apenas um beijo, e o fim. Há anos se relacionavam em cumplicidades.
A tolerância harmonizava a união, mas desde então, a inconformação.
Exigia mais de si, e do outro, não aceitava ser relegado ao acaso, a ocasião propícia. Desejava mais, muito mais, mais tempo, mais dedicação, mais reconhecimento. E fora a procura, o que encontrou?
O vazio, a sensação de impotência diante do desinteresse do outro, o desprezo, a revolta.
Roubara-lhe um beijo, sem sabor, sem emoção, impregnado de culpa. A incompatibilidade de sentimentos provoca a fim do relacionamento.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O CICLO DA VIDA



O ano se inicia,  mais expectativas são impelidas em busca de realizações.
Amanhece, anoitece, num ciclo de trinta dias, mudanças constantes, no interior, a estática permanece.
Anseios agitam a alma. O corpo máquina preguiçosa, nega obediência às tarefas diárias, o cansaço não permite que o trabalho seja satisfatório. O ganho não compensa as necessidades.
Sente-se como numa atividade inútil que nunca equivale à dignidade da vida.
Sobrevive a margem, adaptando-se as urgências do dia. Darwin se agradaria de pesquisar essa espécie que participa da seleção sócio natural, num conflito entre alma, corpo e ambiente.

REFLEXÃO



Dentro da noite, no auge da inexatidão, avisto a minha essência imersa e mesclada a densa escuridão. Busco a identidade, quem sou, o que me tornei? Regras não me dominam.
Domesticação? Jamais!
Sou criatura arisca e rude, tirada do seio da terra, da mata fechada, o sem Lume. De alma inóspita, de instinto selvagem. Sou a força bruta, sou coragem, sou a necessidade da existência, sou a ausência.
Ausência do bem, do belo, ausência do certo, do correto. Sou a ética da transgressão, sou a estética da alucinação e como o sofista que resiste a Platão não dando ouvidos a procedimentos vãos, sigo transgredindo a razão.