Oliveira (2007) chama
atenção para o posicionamento do professor em relação à sua visão de língua.
Segundo o autor cada professor desenvolve suas atividades docentes baseadas na
concepção de língua que possui: assim se o decente entender a língua como um
sistema de estruturas gramaticais formais, adotará práticas pedagógicas sem
saber exatamente o porquê de fazer o que faz na sala de aula.
O autor traz as
concepções de Bloomfield e Chomsky sobre competência linguística. Para Chomsky
que desenvolveu a dicotomia entre competência e desempenho, competência seria o
conhecimento tácito que o falante-ouvinte possui da estrutura da sua língua e
desempenho como uso concreto e imperfeito da língua.
Bloomfield
semelhantemente compartilha concepções estruturalistas em relação à língua,
desenvolveu o método audiolingual de aprendizado do inglês durante a 2ª guerra
mundial, também não se aprofundou sobre a competência do falante. a diferença
entre os dois reside no fato que a teoria Chomskiana desenvolver sistemas de
regras que explicam as possibilidades estruturais da língua não se limitando
apenas à discrição linguística.
O autor trata ainda
sobre Dell Hymes e a competência comunicativa segundo o qual Hymes se refere
não apenas a conhecimento, mas também à habilidade de se usar esse
conhecimento.
Hymes define
competência comunicativa como capacidade de adequação sociolinguística do
discurso, de acordo com os grupos sociais distintos, sem essa capacidade de
adequação o falante-ouvinte não seria competente na língua.
A competência
sociolinguística diz respeito às regras socioculturais do uso da língua é o
conhecimento e a habilidade que o falante ouvinte possui para expressar e
entender enunciados de um modo apropriado, de acordo com fatores sociais e
culturais do contexto em que se encontra, tais como os propósitos e s normas da
interação e o tipo de relação que o
falante-ouvinte possui com o interlocutor.
Uma vez que, não se
pode desvincular a língua dos aspectos socioculturais que subjazem ao seu uso,
visto que usar uma língua é também ser e agir socialmente através dela notamos,
que ao aprender uma língua o falante se apropria não só de forma estrutural,
mas também dos implícitos dessa língua.
O modo como esse
falante vai desenvolver a competência comunicativa na língua vai depender,
dessa forma, também do modo como interpreta os implícitos da linguagem, de como
se utiliza da língua para conseguir coisas do uso da pronuncia adequada para
ser bem compreendido, da escolha de expressões e palavras apropriadas em
diferentes contextos.
Esses usos que citamos
são também culturais, ou seja, estão mais além do que o simples domínio da estrutura
linguística.
Para durante (1997),
qualquer teoria que pretenda separar a linguagem da realidade social que a
conforma deve se vista como problemática. Durante mostra-nos que longe de
considerar a linguagem (língua) como um conjunto de estruturas formais e de
regras através das quais nos comunicamos, a língua é, ela mesma, a instancia na
qual nos tornamos humanos e nos inserimos no mundo que nos cerca.
Logo percebemos que,
uma das contribuições mais significativas para área da L.A em especial no ensino
de PLE, tem sido a de identificar que tipo de conhecimento um aprendiz de
língua deve ter para que possa comunicar-se adequadamente em diferentes
contextos de uso da linguagem, inclusive dominando os diferentes tipos de
interdições e sanções que podem gerar “curtos-circuitos” na comunicação.
Krashen (1998) define
essa simbiose entre língua e cultura em 3 vias: língua expressa uma realidade
cultural /língua incorpora uma realidade
social (cria experiência) /língua simboliza uma realidade cultural (símbolos
com valor cultural).
Desse modo, Krashen destaca como os significados que produzimos e partilhamos através da língua são
codificados pela cultura.
O significado como
signo que representa o valor semântico da língua, e significado como ação que é
o valor pragmático da língua. Esse sistema simbólico criado pela linguagem
perpassa todas as instancias que caracterizam o uso da linguagem enquanto
atividade humana: o modo como falamos, como escrevemos, construímos identidade
individual e social e como nos confrontamos com o “outro” e com a diferença.
Krashen defende que os adultos possuem talento para aprender uma LE, o autor afirma ainda que a lateralização cerebral se define antes da puberdade. A quantidade de inputs que o individuo recebe facilitaria essa aprendizagem.
Logo, para Krashen, os adultos possuem maiores condições de aprendizagem de L2/LE por já possuírem a língua vernácula desenvolvida ou internalizada. (L1)
Busnardo (1987) aponta
a importância dos estudos de Hymes sobre competência comunicativa que ajudou a
desenvolver o sujeito do discurso ao ensino de línguas.
A autora afirma que
antes de alcançarmos a dialogia crítica e para chegar ao contra discurso,
precisamos chegar primeiro ao discurso, como já afirmava Pennycook (2001). Chegar
ao discurso em si implica desenvolver um trabalho que aborde o linguístico e
cultural pragmático em sala de aula. Para esse trabalho fundamental, o modelo
de competência comunicativa de Celce-Murcia e Olshtain (2002)
se mostra instrutivo: mostra como os elementos linguísticos e os elementos
pragmáticos (sensíveis a aspectos culturais) interrogam para produzir o
discurso.
Busnardo afirma que uma
das estratégias pedagógicas mais úteis na criação do método dialógico crítico,
é o uso da comparação e contraste de discursos.
Desse modo, para
busnardo, o método de comparação e contraste de discursos pode nos levar e
questionar nossa própria história e a perceber o impacto da socialização.
Santos (2004), objetiva
conceitualizar os pontos culturais marcantes entre duas culturas em questão que
deverão ser úteis para professores de português como L.E, PL2 e para estudantes
se adaptarem ao brasil.
A autora cita Krashen (1996) para evidenciar os fatores de enfoque parcial dada à área de cultura no ensino de língua o primeiro
fator é a dificuldade de se entender a abrangência do conceito de cultura em
si; segundo, a dificuldade de inserir na ementa esse conceito da forma
abrangente que é: terceiro, a dificuldade de preparar professores de forma
homogenia nessa área.
Bennett (1996) divide a
área cultural em duas partes: instituições (concreto visível) e comportamento –
desse modo entendemos que não é só a língua que temos que aprender, mas que
também maneiras diferentes de ser, de acordo com os sistemas do país. Bennett
acredita que os indivíduos no processo de aculturação possam por diferentes
estágios até chegarem a um bom nível de adaptação: 1º navegação, 2º defesa, 3º
minimização (em se tratando de etnocentrismo e no caso de etnorelativismo), 4º
aceitação, 5º adaptação e 6º integração.
A autora cita ainda a
importância da etnografia, segundo Robinson (1985), que nos fornece parâmetros
que devemos considerar para Robinson a etnografia é um método de descrever uma
cultura ou situação dentro de uma cultura do ponto de vista do nativo/ator
cultural.
A autora termina,
demonstrando a importância da inserção de orientações culturais no aprendizado
da língua (PLE/PL2), devido às dificuldades de aculturação para a maioria dos
norte-americanos no Brasil.