Mattos e Silva afirma que não houve
uma política de contato controlado.
A princípio os portugueses objetivaram
aprender a língua indígena através da permanência de quatro representantes
(dois degredados e dois grumetes) aqui no Brasil.
Porém esse objetivo não funcionou,
e o processo de colonização se deu através da
construção de um Tupi jesuítico – a língua geral da costa, de base
tupi, chegou a ameaçar a hegemonia do português no Brasil, juntamente com
outras línguas gerais indígenas que foram veículos de intercomunicação entre
brancos, negros e indígenas no litoral brasileiro, entradas paulistas, no nordeste
teria sido uma língua geral Cariri e na Amazônia
a língua geral de base tupinambá.
Diante disso, podemos observar que
somente através da política de contato controlado iremos evitar um novo
percurso etnocida e glocitocida.
Podemos citar ainda como exemplo
dessa política de contato controlado, o caso do Parque Nacional de Xingu, onde sobrevivem
quinze grupos indígenas, com suas línguas de origem e como língua franca de
intercomunicação entre as tribos, aflora o português xinguano – uma das
variantes do português brasileiro, evidenciado um continuum linguístico.
Sobre a trajetória dilacerada
africana a autora salienta que os negros foram selecionados negativamente a fim
de que não se adenassem em um ponto qualquer, étnica, cultural e linguisticamente.
Tal fato contribuiu para a riqueza de línguas africanas no território brasileiro,
o que contribuiu para integração de itens lexicais no nível morfológico e maior
número de campos semânticos no português do Brasil.
Desse modo, Mattos e Silva defende
a ideia do multinguismo no português brasileiro que apresenta caráter heterogêneo
devido às suas variantes.
Vale ressaltar que enquanto os
índios foram dizimados, muitos negros dilacerados à partida e em seguida acantonados,
em locais de refugio, ou para sobreviver ou ainda para tentar vencer seus
opressores vencidos os quilombos, restaram em múltiplos pontos do Brasil grupos
que se defenderam sob a proteção natural e que aos poucos se revelam.
A grande maioria dos negros,
contudo, integrou-se nas cidades e nos campos à sociedade multiétnica brasileira
em formação.
Segundo Mattos e Silva (1992), em
1757, com o Marquês de Pombal, se define para o Brasil uma política linguística
e cultural.
Pombal define o português como língua
da colônia, consequentemente obriga o seu uso na documentação oficial e implementa
o ensino leigo no Brasil. A miscigenação e a presença não maciça de portuguesas
são indicadores favoráveis à formação de uma língua geral brasileira
caracterizada pela influencia africana, embora mais próxima do português
europeizado.
Podemos concluir segundo A. Houaiss (1985),
que o português brasileiro nasce com diversidade.
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