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A língua está em mim, me perpassa, faz parte da minha formação como ser social inserido num grupo. Compõe ainda a minha própria formação acadêmica já que resolvi após o primeiro curso superior (Administração), cursar Letras. Essa língua me representa em todos meus conflitos, pois suas características são iguais as minhas, um ser multifacetado, de exterior sóbrio e estático, mas no íntimo um turbilhão em movimento. Assim como um rio congelado que apresenta a sua superfície estática, mas o seu interior está sempre em movimento, num curso perene. Capacidade de adaptação e compreensão com singularidade e regionalidades tolerantes como próprios à língua. Escrever é para mim, como respirar, sinto essa necessidade e é através da escrita como afirmou Aristóteles que transitamos desde o terror até a piedade de nós mesmos e do outro. Esse ofício da escrita nos eleva, nos projeta, nos ressignifica quando tocamos o outro com as nossas palavras, seja no universo ficcional, biográfico ou autobiográfico. Escrever é uma necessidade, escrever é transpirar no papel as nossas leituras.

domingo, 19 de agosto de 2012

AS POLÍTICAS DE CONTATO: Trajetória dizimada dos Indígenas e trajetória dilacerada dos povos africanos escravizados.



Mattos e Silva afirma que não houve uma política de contato controlado.
A princípio os portugueses objetivaram aprender a língua indígena através da permanência de quatro representantes (dois degredados e dois grumetes) aqui no Brasil.
Porém esse objetivo não funcionou, e o processo de colonização se deu através da construção de um Tupi jesuítico – a língua geral da costa,  de base tupi, chegou a ameaçar a hegemonia do português no Brasil, juntamente com outras línguas gerais indígenas que foram veículos de intercomunicação entre brancos, negros e indígenas no litoral brasileiro, entradas paulistas, no nordeste teria sido uma língua geral Cariri  e na Amazônia a língua geral de base tupinambá.
Diante disso, podemos observar que somente através da política de contato controlado iremos evitar um novo percurso etnocida e glocitocida.
Podemos citar ainda como exemplo dessa política de contato controlado, o caso do Parque Nacional de Xingu, onde sobrevivem quinze grupos indígenas, com suas línguas de origem e como língua franca de intercomunicação entre as tribos, aflora o português xinguano – uma das variantes do português brasileiro, evidenciado um continuum linguístico.
Sobre a trajetória dilacerada africana a autora salienta que os negros foram selecionados negativamente a fim de que não se adenassem em um ponto qualquer, étnica, cultural e linguisticamente. Tal fato contribuiu para a riqueza de línguas africanas no território brasileiro, o que contribuiu para integração de itens lexicais no nível morfológico e maior número de campos semânticos no português do Brasil.
Desse modo, Mattos e Silva defende a ideia do multinguismo no português brasileiro que apresenta caráter heterogêneo devido às suas variantes.
Vale ressaltar que enquanto os índios foram dizimados, muitos negros dilacerados à partida e em seguida acantonados, em locais de refugio, ou para sobreviver ou ainda para tentar vencer seus opressores vencidos os quilombos, restaram em múltiplos pontos do Brasil grupos que se defenderam sob a proteção natural e que aos poucos se revelam.
A grande maioria dos negros, contudo, integrou-se nas cidades e nos campos à sociedade multiétnica brasileira em formação.
Segundo Mattos e Silva (1992), em 1757, com o Marquês de Pombal, se define para o Brasil uma política linguística e cultural.
Pombal define o português como língua da colônia, consequentemente obriga o seu uso na documentação oficial e implementa o ensino leigo no Brasil. A miscigenação e a presença não maciça de portuguesas são indicadores favoráveis à formação de uma língua geral brasileira caracterizada pela influencia africana, embora mais próxima do português europeizado.
 Podemos concluir segundo A. Houaiss (1985), que o português brasileiro nasce com diversidade.

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